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CUENTOS CLáSICOS
CUENTO A MULA DO PAPA (por Alphonse Daudet (1840-1897 França))
(Cartas do Meu Moinho)
De todas as belas sentenças, provérbios ou adágios que os nossos camponeses da Provence costumam introduzir nas conversas, não conheço nenhum mais pitoresco nem mais singular do que este.
A quinze léguas ao redor do meu moinho, quando alguém se refere a um homem rancoroso, vingativo, costuma dizer:
"Esse homem! Desconfia dele!... É como a mula do Papa, que guarda sete anos o seu coice."

Durante muito tempo procurei a origem desse provérbio. O que vinha a ser essa mula papal e esse coice guardado durante sete anos? Por aqui ninguém sabia me dizer, nem mesmo Francet Mamai, tocador de pífaro, conhecedor na ponta da língua de todas as lendas provençais. Francet julga, como eu, que nessa história há referências a alguma antiga crônica de Avignon; mas nunca soube dela a não ser pelo provérbio.
- O senhor só irá encontrar alguma coisa a esse respeito na Biblioteca das Cigarras - disse, rindo, o velho Mamai.
A idéia me pareceu ótima e, como a Biblioteca das Cigarras fica à minha porta, encerrei-me nela durante oito dias.
É uma biblioteca maravilhosa, admiravelmente instalada, aberta dia e noite aos poetas, servida por pequenos bibliotecários que ficam constantemente tocando címbalos.
Lá passei eu uns dias deliciosos e, depois de uma semana de pesquisa - estendido, de barriga para cima -, acabei por descobrir o que queria, isto é, a história da mula e do seu famoso coice, guardado durante sete anos. O conto é bonito, embora meio simples. Vou tentar transmiti-lo a vocês tal qual o li ontem num manuscrito do tempo que bem cheirava a alfazema e que tinham filamentos "fios de Virgem" por sinetes.
Quem não conheceu Avignon nos tempos dos Papas, não viu nada deste mundo. Jamais existiu cidade igual, em relação à alegria, vida, animação, festas. De manhã à noite, eram peregrinações e procissões. As ruas juncadas de flores, tapetadas de verduras. Cardeais chegavam pelo Ródano, bandeiras ao vento, galeras empertigadas. Os soldados
do Papa cantavam em latim nas praças e os frades mendicantes batiam suas matracas. De alto a baixo, casas se comprimiam em volta do grande palácio papal como abelhas em volta do seu apiário. Havia ainda o ruído dos teares de renda, o vaivém das lançadeiras tecendo o ouro das casulas, os martelinhos dos cinzeladores de galhetas,
as tábuas de harmonia que se aparelhavam em casa dos violeiros e os cânticos dos tecelões. No alto, o barulho dos sinos e o rufar de alguns tambores que se ouviam lá para baixo, para os lados da ponte. Quando o povo está alegre, ele dança, tem vontade de dançar. E como naquele tempo as ruas eram estreitas, estreitas demais para os bailados, pífaros e tambores ficavam lá pela ponte de Avignon, ao vento fresco do Ródano e, dia e noite, era dançar, dançar sempre..

Ah! felizes tempos aqueles!... Feliz cidade aquela!... Alabardas que não cortavam, prisões que serviam para refrescar o vinho... Nada de pobreza, nada de guerras... E eis aí como os papas do condado sabiam governar o seu povo e porque o povo tem tanta saudade deles!...

Houve um Papa em especial, um bom velhinho que se chamava Bonifácio... Ah! Que mar de lágrimas se chorara em Avignon quando ele morreu! Era um príncipe tão amável, tão agradável! Sorria tanto quando em cima de sua mula! E quando alguém passava perto dele - fosse um pobre coletor de ervas ou um grande juiz da cidade - dava-lhe a bênção com a maior polidez! Um autêntico Papa de Yvetot, mas de um Yvetot da Provença, com algo de sutil no sorriso, um raminho de manjerona no barrete e sem ter jamais tido ama...
A única ama que se conhecia, a esse bom padre, era a sua vinha - uma pequena vinha que ele mesmo plantara, a três léguas de Avignon, nas murtas de Château-Neuf.
Todos os domingos, saindo das vésperas, o digno homem ia fazer-lhe a sua corte, e quando estava lá em cima, sob o benéfico sol, com a mula a seu pé, e os cardeais estendidos em volta, junto às cepas, mandava então desarrolhar uma garrafa de vinho de sua lavra - esse belo vinho cor de rubi, que se chamou depois Château-Neuf-du-Pape
- e saboreava-o aos golinhos, olhando para a vinha com ternura. Depois, garrafa esvaziada, ao cair de noite voltava alegremente à cidade, seguido de seu cabido. E quando passava na ponte de Avignon, no meio dos tambores e das fanfarras, a sua mula, incitada pela música, entrava em galopes saltitantes, enquanto ele marcava o compasso da dança com o barrete, o que muito escandalizava os cardeais, mas provocava do povo todo estas exclamações:
"Ah! Que bom príncipe! Ah! Que excelente papa!"

Depois da sua vinha de Château-Neuf, o que o Papa mais gostava neste mundo era a sua mula. O bom homem tinha verdadeira paixão pelo animal. Todas as noites, antes de se deitar, ia ver se sua cavalariça estava bem fechada, se não faltava nada na manjedoura. Jamais se levantava da mesa sem mandar preparar, diante dele, uma grande
tigela com sopas de vinho à francesa com muito açúcar e tempero. Ele próprio, apesar das observações dos cardeais, encarregava-se de levar a tigela à mula. É preciso acentuar que o animal valia bem a pena. Era uma bela mula negra, mosqueada de vermelho, firme quando em pé, luzidia, larga e cheia nas ancas. Levantava alternativamente
sua pequena cabeça seca, toda enfeitada com topes de fita, laços, guizos de prata e borlas. Além disso, era meiga como um anjo, olhos cândidos e compridas orelhas, sempre abanando, orelhas que lhe davam um ar bonachão. Toda Avignon a respeitava e, quando andava pelas ruas, não havia cortesias que lhe não fizessem. Todos sabiam que esse era o melhor meio de ser bem visto na corte e que com seu ar inocente a mula do Papa já tinha levado a fortuna a mais de uma pessoa, e a prova era esse Tistet Védène e sua prodigiosa aventura.
Tistet Védène, a princípio, era um atrevido moço de recados que seu pai, Guy Védène, o escultor, fora obrigado a expulsar de casa por ele nada querer fazer além de desencaminhar ainda por cima os aprendizes. Durante seis meses viram-no coçar sua jaqueta por todos os cantos de Avignon, principalmente para os lados do palácio
papal. O malandrim tinha lá suas idéias a respeito da mula do Papa, idéias aliás dignas de sua pessoa...
Um dia em que Sua Santidade passeava sozinho sob as muralhas, eis que o nosso Tistet aproxima-se dele e lhe diz, juntando as mãos, reverendíssimo:
- Ah! Meu Deus! Que excelente mula tendes vós, meu Santo Padre! Deixai-me olhá-la um pouco... Ah! meu Papa, que bela mula!... Nem o Imperador da Alemanha tem outra igual!
E acariciava-a, falando-lhe docemente, como a uma mulher.
- Vem cá, minha jóia, meu tesouro, minha pérola...
O bom Papa, todo comovido, pensava: "Que esplêndido rapaz! Como é gentil com a minha mula!"
E depois, no dia seguinte, sabeis vós o que aconteceu? Tistet Védène trocou sua bela jaqueta amarela por uma bela túnica de rendas, uma camisa de seda violeta, sapatos de fivela e entrou para o serviço do Papa, onde ninguém antes dele tinha sido recebido, com exceção dos filhos dos nobres e dos sobrinhos dos cardeais. Ora, isso que é esperteza! Mas Tistet não parou por aí.
Uma vez servindo ao Papa, o malandrim continuou o jogo que tão bons resultados lhe dera. Insolente com todos, não tinha atenções nem gentilezas a não ser para com a mula, e ele era sempre visto pelos pátios do palácio com um punhado de aveia ou feixes de feno, sacudindo as espigas róseas, olhando para a varanda do santo Padre
com ares de quem diz, "Hei!... para quem é isto?..." E tanto fez que afinal o bom Papa, sentindo-se envelhecer, deixara a seus cuidados a cavalariça e a entrega das sopas de vinho à francesa à mula. O que, aliás, não provocava risos nos cardeais...e também não fazia a própria mula rir...
Agora, na hora do vinho, via sempre chegar à cavalariça cinco ou seis meninos do coro que, depressa, se escondiam debaixo das palhas. Em seguida um cheiro morno de caramelo e outros aromáticos enchiam a cavalariça e Tistet Védène aparecia carregando com cuidado a sopa de vinho à francesa. Começava então o martírio do pobre animal.
Tinham aqueles garotos a crueldade de deixá-la sentir todo aquele aroma do vinho de que tanto gostava, que lhe esquentava o corpo e tornava-a leve; depois quando a mula já tinha as narinas impregnadas dele - provaste-o? Nem eu! - o belo licor róseo descia todo pelas gargantas dos moleques... E ainda que eles nada mais fizessem,
do que roubar-lhe o vinho!... Mas depois de bebê-lo, transformavam-se em pequenos diabos. Uns puxavam-lhe as orelhas, outros o rabo. Quiquet subia-lhe nas costas, Bélunguet enfiava-lhe o seu barrete e nenhum daqueles moleques pensava que com um encontrão ou com um coice o formidável animal poderia mandá-los todos para a estrela polar ou para mais longe ainda... Mas, não! Por alguma razão um animal é mula do Papa, a mula das bênçãos e das indulgências... As crianças gostavam de brincar e ela não se zangava; era só o Tistet Védène que ela queria acertar... Quando, por exemplo, sentia-o atrás de si, vinham-lhe cócegas nos cascos e na verdade ela tinha
razão para tanto. O malandrim do Tistet tratava-a tão mal!... Inventava lá suas crueldades depois de beber!...
Pois um belo dia não imaginou que ela subisse com ele até o campanário da matriz, lá em cima, em cima de tudo, na ponta do palácio!... E o que eu vos conto não é uma história, que duzentos mil provençais bem o viram. Imaginai o terror da desgraçada mula, depois de ter andado às voltas durante uma hora, às cegas, numa escada
em caracol, e depois de ter trepado sei lá quantos degraus, se encontrando de repente sobre uma plataforma deslumbrante de luz, e avistando a mil pés lá embaixo toda uma Avignon fantástica, as barracas do mercado menores do que avelãs, os soldados do Papa diante do quartel como formigas vermelhas, e lá em baixo, sobre um fio de prata, uma ponte microscópica onde se dançava, dançava... Ah! Pobre animal! Que susto! Com o grito que ela deu, todos os vidros do palácio estremeceram.

- O que está acontecendo? O que é que lhe fizeram? - gritou o Papa, precipitando-se para a varanda.Tistet já se encontrava no pátio, fingindo chorar e arrancar os cabelos.
- Ah! Santo Padre, o que houve? Houve que vossa mula... Meu Deus! Que vai ser de nós? Houve que vossa mula subiu ao campanário...
- Sozinha??
- Sim, Santo Padre, sozinha... Esperai! Vede-a lá em cima... Vedes as pontas das orelhas que passam de um lado para o outro?... Parecem duas andorinhas...
- Misericórdia! - disse o pobre do Papa, levantando os olhos. - Mas quer dizer que ela enlouqueceu! Ela vai-se matar! Desce, desgraçada!...
Coitadinha! Outra coisa não queria ela senão descer... Mas por onde? Escada, nem pensar. Pode-se subi-la, mas para descê-la quebraria as pernas... A pobre mula estava aparvalhada, andando em círculo na plataforma, com os olhos cheios de vertigens e pensava em Tistet: "Ah! Miserável, se eu escapar desta, que coices tu levarás amanhã..."
A idéia do coice no dia seguinte dava-lhe certo alento; sem isso não teria conseguido se sustentar lá em cima... Por fim, conseguiram tirá-la lá do alto; mas foi uma trabalheira. Foram necessários cordas, um macaco e uma padiola. E imaginem só que humilhação para uma mula de um Papa ver-se assim suspensa naquela altura, agitando
as patas no vazio como um besouro na ponta de um fio. E Avignon em peso gozando o espetáculo!
Naquela noite, o desgraçado animal não pregou olho. Parecia-lhe todo o tempo que estava de volta àquela maldita plataforma, com toda a cidade rindo lá embaixo. Depois pensava no miserável do Tistet Védène e no belo coice que lhe reservara para a manhã do dia seguinte. Ah! Meus amigos, e que coice! Até lá em Pampérigouste se haveria
de ver a poeira...
Ora, enquanto a mula preparava uma bela recepção a Tistet, sabeis vós o que andava ele a fazer? Descia o rio Ródano, cantando numa pequena galera papal. Ia para a corte de Nápoles com um grupo de moços fidalgos que a cidade enviava todos os anos para junto da Rainha Joana, a fim de se exercitarem na diplomacia e nas boas maneiras. Tistet não era nobre; mas o Papa precisava recompensá-lo dos cuidados que dispensara à sua mula, e principalmente da sua iniciativa no dia do salvamento.
No dia seguinte, a mula estava decepcionadíssima.
"Ah! O miserável! Suspeitou de alguma coisa e fugiu", pensava ela, sacudindo os guizos. "Mas não faz mal! Podes ir, miserável... Na volta encontrarás o teu coice...
Eu espero..." E a verdade é que o esperou.
Depois da partida de Tistet, a mula do Papa retomou sua vida tranqüila. Nem o Quiquet, nem o Bélunguet voltaram à cavalariça. Voltaram os belos dias das sopas de vinho à francesa, e com eles o bom humor, as longas sestas e o pequeno trote elegante quando atravessava a ponte de Avignon.

No entanto, depois da sua aventura, ela percebia uma certa frieza na cidade. Quando passava, sentia um certo cochicho. Os velhos balançavam a cabeça e as crianças riam-se, apontando para o campanário. O bom do Papa - até ele! - já tanta confiança assim na sua amiga e, quando se entregava um pouco aos cochilos ao voltar montado da sua vinha, pensava: "E se eu acordar de repente lá em cima, no campanário?" A mula percebia isso e sofria sem dizer nada; somente quando diante dele alguém pronunciava o nome Tistet, as suas compridas orelhas tremelicavam e enfiava no chão, com um leve sorriso, os ferros dos seus cascos.
E assim passaram-se sete anos, no fim dos quais Tistet Védène retornou da corte de Nápoles. Não concluíra seu período de estágio, mas soubera que morrera em Avignon o primeiro mostardeiro do Papa e, como lhe parecia uma boa colocação, viera às pressas a fim de ver se conseguia o posto.
Quando este intrigante do Védène chegou à sala do palácio, o Santo Padre custou a reconhecê-lo, tanto ele crescera e tomara corpo. Devemos também acrescentar que o bom Papa, por seu lado, muito envelhecera e já não via muito bem sem óculos.
Tistet não se intimidou.
- Como, Santo Padre! Vós não me reconheceis?... Sou eu, Tistet Védène...
- Ah! Sim... sim... Estou lembrando... Um bom rapaz, esse triste Tistet!... E então, o que desejas de nós?
- Ah! Pouca coisa, Santo Padre... Eu vinha pedir-vos... A propósito: tendes ainda a vossa mula? E ela vai bem? Ah, tanto melhor!... Eu... eu vinha pedir-vos o lugar do primeiro mostardeiro que acaba de falecer.
- O primeiro mostardeiro, tu!... Mas és novo demais para o cargo. Que idade tens?
- Vinte anos e dois meses, ilustre pontífice. Justamente cinco anos mais do que a vossa mula. Ah, meu Deus, que excelente animal! Se soubésseis o quanto eu gostava
daquela mula... Que saudades tenho tido dela, lá na Itália! Haveis de me deixar que eu a veja, não é mesmo?
- Como não, meu rapaz? - disse o Papa, comovido. - E já que gostas tanto assim desse excelente animal, não quero que vivas longe dele. A partir de hoje, ligo-te a minha pessoa, na qualidade de primeiro mostardeiro... Os meus cardeais irão chiar, mas pior para eles. Já estou habituado a essas coisas. Procura-me amanhã, à saída das vésperas; te daremos as insígnias do teu grau na presença do nosso cabido e depois... depois eu te levarei a ver a mula, e virás até a vinha conosco...
Hé! Hé! Vamos! Vai-te embora.
Se Tistet Védène estava ou não contente ao abandonar a grande sala, e com que impaciência aguardou ele a cerimônia do dia seguinte, não é necessário dizer. No palácio no entanto havia alguém mais feliz ainda do que ele, e mais impaciente: era a mula. Desde o regresso de Védène até as vésperas do dia seguinte, o terrível animal não parou de se empanturrar de aveia e de treinar, jogando contra a parede seus cascos traseiros... Também ela se preparava para a cerimônia.
E então, no dia seguinte, ao findar das vésperas, Tistet Védène fazia sua entrada triunfal no pátio do palácio papal. Com a presença de todo o alto clero. Os cardeais, com suas vestes vermelhas, o advogado do diabo vestido de veludo preto, os abades do convento com suas pequenas mitras, os artesões de S. Agrico, as murças violetas da matriz e também o baixo clero, os soldados do Papa de uniformes de gala, as três confrarias de penitentes, os eremitas do Monte Vertoux, de ferozes semblantes, e o pequeno clero que segue atrás levando a campainha, os frades nus até a cintura e que se flagelam, os sacristãos floridos em trajes de juizes, todos, todos, até os fornecedores de água benta e o que acende as luzes e o que as apaga... Não havia um só que faltasse... Ah, era uma bela ordenação! Sinos, bombas, sol, música, e sempre estes tambores que costumavam marcar a dança, lá embaixo, na ponte de Avignon.

Quando Védène apareceu no meio da assembléia, a sua bela figura e seu belo semblante provocaram um murmúrio de admiração. Era um esplêndido provençal, mas dos louros, com longos cabelos com pontas frisadas e uma pequena barba crespa que parecia feita de aparas do fino metal do buril do seu pai, o escultor. Corria o boato de que os dedos da Rainha Joana tinham brincado algumas vezes com essa barba, e o senhor de Védène possuía, com efeito, a aparência gloriosa e o olhar absorto dos homens que foram amados pelas rainhas...
Naquele dia, para honrar a sua terra, substituíra os trajes napolitanos por uma jaqueta bordada cor-de-rosa, à maneira provençal, e sobre seu capelo tremia uma pluma de íbis da Camargue.
Assim que entrou, o primeiro mostardeiro saudou galantemente para o alto estrado onde o Papa o aguardava a fim de lhe entregar as insígnias do seu grau: a colher de buxo amarelo e o hábito cor de açafrão. A mula estava no fundo da escada, toda ajaezada e prestes a partir para a vinha... Quando passou perto dela, Tistet Védène
soltou um bom sorriso e deteve-se para lhe dar duas palmadinhas no lombo, olhando de soslaio para ver se o Papa o observava. A posição era boa... A mula aprumou-se:
-- Espera aí! Toma, miserável! É isto que eu guardo para ti há sete anos!
E jogou-lhe um coice tão terrível, tão terrível, que até em Pampérigouste se viu a poeira levantada, um turbilhão de fumo loiro no qual dava voltas uma pluma de íbis e tudo o quanto restava do pobre Tistet Védène!...
Nem sempre os coices de mula têm tão terrível efeito, mas aquela, bem, aquela era uma mula papal. Além disso, lembrem-se vocês que o coice estava guardado há sete anos!...
Não existe exemplo mais belo do rancor eclesiástico.


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